NÃO AOS MEGA EVENTOS: BARRAR A EXPO 2020

Quando começaram as manifestações de junho de 2013 toda a mídia anunciava que Haddad e Alckmin a estavam ausentes pois viajavam com o vice-presidente Michel Temer à Paris buscando apoio para a candidatura de São Paulo como sede da Expo 2020. Uma coincidência até mesmo irônica que serve de alerta quando lembramos que foram as Jornadas de Junho ascenderam a fagulha necessária para alastrar o descontamento da população com os investimentos e as arbitrárias políticas públicas encaminhadas para receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Agora, como se não quisesse atrair muita atenção, a mídia continua divulgando discretamente as notícias sobre os planos e negociações para que a cidade receba esse que é considerado o terceiro maior evento do mundo.

O que é a Expo 2020

A Expo Universal é o maior evento, a maior feira, e a mais importante do

mundo. Então, ele tem uma equivalência com a Copa do Mundo, com as

Olímpiadas. Seria um coroamento desse processo em que o Brasil se

projetou internacionalmente sediando grandes eventos” – Haddad, 03/13

A Expo Mundial é uma feira internacional que reúne empresas, ongs e governos para discutir temas como negócios, tecnologia, urbanismo, sustentabilidade, ciências, cultura, gastronomia e economia. A primeira edição ocorreu em Londres em 1851, no contexto da revolução industrial, com o objetivo de apresentar ao mundo as inovações tecnológicas da Inglaterra. Na edição de 1889, em Paris, foi construída a Torre Eiffel.

Atualmente, a Expo é realizada segundo o modelo dos “megaeventos”, como a Copa e as Olimpíadas, mas supostamente mobilizando um fluxo de investimentos superior à estas. A organização da feira é responsabilidade do BIE – Bureau Internacional de Exposições, órgão intergovernamental composto por 163 países, que estabelece o regulamento e seleciona as cidades-sede. A Expo acontece de 5 em 5 anos e tem duração de 6 meses. A escolha da cidade-sede será anunciada em novembro, e em setembro o BIE realizará uma visita à cidade. Espera-se que 30 milhões de pessoas compareçam ao evento em São Paulo.

O projeto prevê a realização da Expo na região noroeste de São Paulo, e tem em seu cerne a construção do “Piritubão”, um Centro de Convenções quatro vezes maior que o Anhembi. Trata-se de um parque integrado a um complexo de 11 pavilhões, shopping centers, uma torre arranha-céu e mais de 15 mil vagas de estacionamento em um terreno de 5,5 milhões de m². A obra deve vir acompanhada da construção de inúmeros hotéis e da expansão da futura linha laranja do metrô para a região. Antes da Expo, planejava-se construir no local do Piritubão um estádio para a Copa do Mundo.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1241469-expo-2020-em-sao-paulo-tem-orcamento-de-copa.shtml

Problemas da Expo

De fato, o projeto do Piritubão representa a consolidação do avanço do capital imobiliário no eixo noroeste, desde Perdizes até Jundiaí. Realizar a Expo significa remover as favelas remanescentes na região, e expulsar boa parte da população local com a pressão do aumento nos preços do IPTU e alugueis. Para o diretor superintendente da Associação Comercial de São Paulo, Valnoy Paixão, responsável pela região noroeste da cidade, as melhorias na infraestrutura que estão previstas justificam a alta nos preços.

Quem tem imóvel aqui vai se dar bem com a valorização. Quem não tem vai ter de pagar muito para ter”,

afirma Paixão. Fala-se que, após a Expo, a estrutura do Piritubão será mantida e ali serão instalados equipamentos públicos.

Só a desapropriação do terreno para o Piritubão custou R$ 680 milhões e foi paga com repasse federal. A obra inteira está estimada atualmente em R$ 4,4 bilhões3 (quase a mesma quantia necessária para a implementação da Tarifa Zero). Segundo João Sette, trata-se de uma “mobilização de investimentos públicos pra um evento que irá, na prática, enriquecer investidores privados”.

O Governo federal e todos seus aliados em Estados e Municípios cederam aos encantos do modelo do “urbanismo de mercado”. Promovem a eterna confusão entre crescimento e desenvolvimento, achando que as montanhas de dinheiro – extremamente concentrado nas mãos de poucos – movidas por esses eventos “alavancam” a economia mas, sobretudo, douram sua imagem de políticos competentes.

Na verdade, é evidente que servem ao enriquecimento de alguns gruposmuito específicos: empreiteiras, grupos de comunicação, setor da construção civil, mercado imobiliário e instituições altamente perniciosas, como a CBF.

(..) Estes (em quem ninguém votou) promovem então um regime de exceção, em que vale tudo, desde alterar as leis (a tal Lei da Copa) até determinar onde e como devem ser feitos os investimentos em infraestrutura (sobretudo de transporte).”

De um lado, então, a Expo deve ser criticada por representar um imenso investimento de dinheiro público em um megaevento cuja importância é irrelevante se comparado às graves deficiências em serviços básicos como saúde, educação, transporte e moradia. De outro, porque sua realização envolve toda uma reorganização da cidade à serviço do capital, desorganizando e prejudicando a vida dos trabalhadores. Aquelas pessoas que constroem a cidade e fazem ela funcionar cotidianamente – os trabalhadores – são excluídos das decisões sobre ela. A cidade hoje é inteira organizada segundo os interesses do mercado, e é nessa organização que se insere a Expo 2020, assim como os demais megaeventos.

A candidatura de São Paulo

Ao mesmo tempo em que Haddad e Alckmin lançavam a candidatura de São Paulo para cidade-sede em Paris no dia 12 de junho, a cidade era incendiada pela revolta popular contra o aumento das passagens. Esses protestos e a subsequente onda de mobilizações em todo Brasil contestando a realização da Copa do Mundo certamente abalaram boa parte das chances da metrópole receber a Expo em 2020, mas não é possível dizer que a possibilidade foi descartada.

O anúncio da cidade escolhida acontecerá só em novembro, e até lá o BIE realizará visitas às cidades concorrentes: São Paulo, Ayutahha (Tailândia), Dubai (Emirados Árabes), Ekaterimburg (Rússia) e Izmir (Turquia).

Em São Paulo, a visita envolverá um seminário e uma vistoria técnica em Pirituba, e acontecerá entre os dias 19 e 21 de setembro. A menos de um mês do evento, a Prefeitura ainda não sabe de onde virá o dinheiro para organizar a recepção dos representantes de mais de 160 países, que pode chegar a custar de R$1 a 5 milhões.

 Não podemos deixar que os interesses dos cartéis de governos, empreiteiras e organizações internacionais que nada tem de democráticas imponham mais um megaevento como esse que afetará nossas vidas para que poucos continuem lucrando com obras, especulação e serviços, como o transporte, que deveriam ser públicos. Precisamos nos organizar e mostrar que não aprovamos suas decisões autoritárias e verticais.

Site oficial da candidatura de São Paulo para a Expo 2020:
http://www.saopauloexpo2020.com.br

Exposição Mundial wikipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Exposi%C3%A7%C3%A3o_mundial

Expo 2020 em São Paulo tem 'orçamento de Copa'
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1241469-expo-2020-em-sao-paulo-tem-orcamento-de-copa.shtml

Sem orçamento, São Paulo recebe comitê da Expo em setembro
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/08/1328000-sem-orcamento-sao-paulo-recebe-comite-da-expo-em-setembro.shtml

A “trindade dos grandes eventos” e seu “legado”
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/06/alckmin-haddad-e-temer-pedem-apoio-frances-para-expo-2020-em-sp.html

Video institucional
http://www.youtube.com/watch?v=QMt4u3Uc1xE

Apresentação de slides usada pela subprefeita Nádia Campeão:

http://sciesp.sitenovo.info/images/expo2020apresentacaoviceprefeita.pdf

Site com palestras institucionais:

http://www.pirituba.net/expo-sp/

No Facebook:
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.512329595479471.1073741829.369502673095498&type=1
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